A meta de superávit primário para 2014 (esforço de poupança do Governo para pagamento de juros da dívida) será de 1,9% do PIB, o equivalente a R$ 99 bilhões, conforme anunciado ontem. Para alcançar tal resultado, será necessário um corte de R$ 44 bilhões das despesas, sendo R$ 13,5 bilhões de despesas obrigatórias e R$ 30,5 bi de despesas discricionárias. Setores especiais para o Governo, como saúde e educação, foram preservados dos cortes do orçamento. O mercado financeiro recebeu a meta de maneira satisfatória, considerando crível o esforço a ser realizado pelo Governo ao longo do ano, resultando numa queda das cotações do dólar e dos juros futuros no pregão de ontem.
Segundo o Ministério da Fazenda, as estimativas da receita foram feitas de maneira conservadora, utilizando uma expectativa de crescimento do PIB de 2,5% em 2014. No entanto, tal número já se mostra otimista. De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda feira, a expectativa média do mercado é de crescimento do PIB de apenas 1,79% neste ano. Este descompasso poderá dificultar a arrecadação do Governo e, consequentemente, a obtenção da meta. Outros fatores também colaboram para o aumento das dúvidas a respeito do orçamento público, como o caso do custo da energia, que será elevado em 2014 e não foi considerado no orçamento divulgado pelo Governo. O histórico de manipulações discricionárias nas contas públicas ainda está na mente dos agentes. A evolução dos gastos públicos será acompanhada de perto ao longo dos próximos meses.