O comércio já se prepara para o Dia das Mães, que promete ser mais modesto em relação ao ano anterior devido ao atual cenário econômico. A menor oferta de crédito, os juros altos, a inflação elevada e as incertezas relacionadas ao mercado de trabalho devem fazer com que pais e filhos sejam mais cautelosos na hora da compra do presente. Os números da Páscoa já não foram animadores, apontando queda de 0,3% nas vendas em relação ao ano passado, conforme divulgado pela Boa Vista SCPC.
Entre os itens mais vendidos no Dia das Mães apontados nas sondagens realizadas nos anos anteriores estão: Vestuário, Perfumes e cosméticos, Flores, Calçados, Bolsas e acessórios, Joias e bijuterias, Eletrodomésticos (forno micro-ondas, ar-condicionado, liquidificador, fogão) e Eletrônicos (celular, tablet, televisão). Artigos que, de maneira geral, pertencem a setores que acenderam as luzes amarelas – em alguns casos, vermelhas – nos últimos meses.
Devido à retração de crédito ao consumo, o cenário é desfavorável para o setor de Eletrodomésticos e Eletrônicos, que, no Estado de São Paulo, apresentou queda de 12,3% em 2014 de acordo com dados da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV). Na capital, a queda foi de 8,5%. Em janeiro de 2015, a atividade no Estado de São Paulo mostrou queda de 2,8% do faturamento na comparação com o mesmo período do ano passado. Na capital, a retração foi ainda maior, de 7,9%.
Perfumes e cosméticos importados também não aparecem como uma boa opção diante da alta do dólar. Embora os preços desses itens tenham subido menos do que a inflação nos dozes meses encerrados em março – artigos de maquiagem apresentaram alta de 3,4%, e perfumes, de 4,8% -, eles registraram altas expressivas em fevereiro e março, influenciados pela valorização da moeda americana – nos dois meses, perfumes e cosméticos já acumulam alta de 2,6%.
Com isso, pais e filhos provavelmente evitarão a compra de itens desses segmentos e os presentes tendem a se concentrar em roupas, calçados, bijuterias, bolsas, acessórios e flores.
Entretanto, as flores, na capital paulista, estão mais caras do que em 2014. Comprometidas por fatores como a alta do dólar, clima desfavorável e o aumento do custo de transporte, elas subiram 8,9% no acumulado em 12 meses até março, ante uma inflação média de 7,8% no mesmo período.
Já o setor de Vestuário enfrenta um período bastante difícil – retração de 14,5% do faturamento em janeiro na comparação com o ano passado, segundo dados da PCCV para o estado de São Paulo; na capital a queda foi maior, de 26,8%. Em 2014, o faturamento do setor havia registrado queda de 4,2% no estado e de 3,9% na capital. O fraco desempenho das vendas estimulam promoções e seguram os preços do setor, que vêm crescendo abaixo da inflação. Segundo dados do IPCA, o item Roupa Feminina apresentou queda de 0,4% em 12 meses; bolsas subiram, em média, 1,3%; sandálias femininas, 3,2%; Joias e bijuterias, 3,8%.
Mesmo com o atual cenário, por parte dos lojistas, o Dia das Mães, especificamente, pode representar uma oportunidade para o setor recuperar as vendas, de modo que podem surgir promoções interessantes.