A Ciência da Administração, por si só, não tem encontrado respostas completas para essa questão. Os pesquisadores da Administração e da Psicologia têm enfrentado o desafio de encontrar fórmulas para lidar com um ser humano cada vez mais autoconsciente, complexo e com maior poder de escolha em relação ao direcionamento de seu futuro. As empresas, por sua vez, estão percebendo, de forma definitiva, que a diferença entre o sucesso e o fracasso do negócio está muito mais nas pessoas que em sua capacidade financeira ou seus recursos tecnológicos.
Coaching, feedback, modelos de decisão e sistemas de recompensa e proteção são elementos importantes e ainda presentes nos melhores programas de desenvolvimento de competências, elaborados com base em pesquisas modernas voltadas para a excelência empresarial. No entanto, recentes descobertas da neurociência apontam para uma nova fronteira do desempenho humano, formulando novos paradigmas e conceitos, que no conjunto está sendo denominada Neurociência Organizacional.
Uma das principais descobertas dessa nova fronteira do conhecimento científico é que existem evidências suficientes que o volume e a potência do cérebro humano aumentam ou diminuem durante toda a vida, conforme passamos por nossas experiências e não mais até um determinado tempo, como se julgava recentemente.
A plasticidade do nosso cérebro possibilita que sejamos capazes de treinar nossas funções cerebrais para desenvolvimento contínuo de novas habilidades e comportamentos que são determinantes para alcançarmos níveis diferenciados de desempenho e, por consequência, de sucesso na vida profissional e pessoal.
Podemos desenvolver, então, dois tipos de mentalidade: a fixa que resulta do processo de cristalização e endurecimento dos paradigmas e conceitos que preenchem nosso cérebro, formando um mosaico totalmente encaixado e fixo, ou por outro lado, a mentalidade de crescimento, mais próxima da representação de uma esponja macia com espaços vazios que nos possibilita sair da zona de conforto, nos levando a inovar e fazer diferente, mesmo errando.
Portanto, para nos prevenirmos e até mesmo superarmos a tendência de enrijecimento natural com o avançar dos anos, precisamos de desafio crescente, variedade e novidade para estimularmos continuamente o desenvolvimento de nossas capacidades cognitivas, tais como: memória, concentração, raciocínio lógico e pensamento lateral, dentre outras.
Algumas organizações já saltaram na frente na busca desses diferenciais e estão reorientando seus programas de desenvolvimento. Podemos citar a Microsoft e o Google que têm estimulado seus colaboradores a adotar a prática da meditação como forma, dentre outras coisas, de administrar o stress, além do Deutsche Bank que tem treinado seus profissionais em mindfulness para que desenvolvam atenção plena e sustentada.
Outro exemplo é a Jonhson & Jonhson onde 18% dos participantes de um programa que compreende o desenvolvimento mental, além do físico e emocional, obtiveram grau máximo em suas avaliações de desempenho e 25% destes foram promovidos.
Em pesquisa recente com seis mil executivos, conduzida pela neurocientista alemã Julia Sperling, foi constatado que aqueles que são capazes de alcançar o estado de flow, isto é, de concentração total em atividades com metas desafiadoras, mesmo em layouts abertos que favorecem a dispersão, são cinco vezes mais produtivos que os demais.
Com certeza ainda não foi encontrada a fórmula de sucesso definitiva. No entanto, algumas incógnitas estão sendo decifradas e antigos paradigmas estão sendo revistos pela Neurociência Organizacional, permitindo explorar novos caminhos para o desenvolvimento de competências humanas. As organizações, sem dúvida, representam o laboratório principal para a pesquisa e experimentação desses novos conceitos e habilidades que, certamente, terão grande impacto no desenvolvimento humano e organizacional de agora em diante.
No entanto, podemos assumir que, da mesma forma que já temos consciente ser fundamental cuidar da saúde do corpo para alcançarmos a longevidade com qualidade de vida, também temos que cuidar do desenvolvimento do nosso potencial cerebral continua e regularmente, assim como fazemos exercícios na academia semanalmente, se quisermos nos destacar na vida pessoal e profissional. Portanto, treine seu cérebro e vá mais longe com sucesso e autoestima crescentes!
¹ Luiz Antonio Chaves é Diretor da Rede Supera – Ginástica para o Cérebro (www.facebook.com/MetodoSuperaOsasco) e Sócio da Adigo Desenvolvimento (www.adigodesenvolvimento.com.br);